Quando sussurram as pétalas dos teus
lábios
– palavras -
me crava, em gotas espessas,
um vinagre de amor não resolvido
estagnações não fazem canções.
Quando me perfumam
olvidos desses negros olhos
- faíscas apagadas do
paraíso que não se abriu -
só lembro cravos, só
vejo trilhas espessas de
vermelhos vermelhos vermelhos
cravos vermelhos,
pálidos de fascinação
que se faz
tarde
silêncio em
meu coração
e só beijo
em meus cravos
uma saudade
que se fez cravo
que se fez
cravo.
Quando uivo urros
secos para a lua que em tantas noites
teima em obscurecer o céu, seco lágrimas
de um coração
acelerado sempre a assentar domínios, decidir desígnios,
esquentar delírios....
quando se faz neblina
nas noites de descaso e vigília,
transformo vultos em passos que me aquietam,
presenças que se adensam, pois não me contaram
os limites e os concretos e aprendi
ainda em consciência
inteireza de meu ego...
umedeço um lábio sedento de sonhos e fantasmas,
ardente de brasas perfuradoras
– se o desejo não é o princípio e não pode ser o fim,
é o eterno bálsamo, enigma ou estigma,
fomentador impiedoso das madrugadas insones,
da eterna teimosia de viver...
passei por cada cravo
um gosto de mel e
hortelã
percorri em cada um
a seiva do meu desejo
o grito do meu amor
são teus como sou tua
e entram na atmosfera
seco silvestre do teu
espaço
como um carinho de
amante insone
como o cravo que
agrava
– crava – a seiva da paixão.
VERMELHOS
VERMELHOS
Não me esqueça e
não me recorde
só
lembre os meus cravos
só lembre os meus
lábios
vermelhos
cravados em teu peito
trilhas de meu
coração.
Mas, se meus cravos
forem só gotas
de vermelho em meus
olhos cansados
que se calem os
perfumes
que se aquietem os
queixumes
que me cravam
lembranças de noites
vermelhas
esses cravos....
que num final de tarde
sejam
vermelhos sobranceiros
porque Ti quero
que ti quero
ardendo como ardem
cravos
morrendo em meus
braços
em perfumes que se
cravam
sem caminhos vermelho
de agravo...
Nas naves de prata que
fizeram corredores de alegria nascem as flores silvestres
que cobrem o cinza do
concreto que teima em revolver sua boca, grande gulosa.
Quando não sonho
também não amo e só acredito nos duendes e fadas
que me esperam na floresta
para o dia seguinte, a manhã vitoriosa.
Mas, agora abro meus olhos, selo meus
lábiose evito os mal cheirosos
mal estares porque o que se passa nos
departamentos da poesia
só se traduz em versos e flores e grandes amores
que só falem os meus
cravos
que de vermelho
arrematam
fagulhas de paixão,
uma conspiração?
Vermelho em sangue
doce ou quente
para embalar um
princípio de canção
FASCINAÇÃO.
SENHORA
SENHORA
Foi na última noite.
A primeira tempestade
da madrugada
Anunciava a chegada do
alvorecer
E todos os raios que
partiram
Em viagens ignoradas
Voltarão em um clarão
de lucidez.
Eu só me ria, só me
ria
correntes e grilhões
desabando
nem barreiras nem
segredos
como vivemos por
tantos anos
agrilhoados
obstinados.
Mas, tem a primeira
madrugada.
Antes de adormecer grande
despertar
palavras e conceitos
– não refaço não
repiso não teorizo.
Prática pré-praxis teoria
depois
sonho agora nessa
madrugada.
castigos e fetiches
coração eterno coração
detive incansável
que ronda teus passos
deve estar na poeira dos teus pés
o segredo da minha paz.
Quando adormeci
esquecida no perfume dos teus braços,
fiz a ultima promessa,
a primeira grande tentativa.
Só falo com os lábios
cerrados, só amo escancarado,
aquelas naves de prata
vem logo me buscar.
Querem recados, exigem
desígnios, e eu quase não me lembro de te amar
mas, se ti amo ou ti
quero, vislumbro tempestades no teu castelo,
fortaleza de
grã-senhor – bigodes perfumados os dentes sedentos de meu sangue...
se não sou tua mais
provável que sejas meu
pois sou
inevitavelmente minha, minha, minha,
sempre tão minha e tão
senhora
sedenta e segura a te
procurar
tantos anos e séculos
para a frágil senhora
que chora e beija tantas
lágrimas apaga tanto sangue
quantos olhos
vermelhos paralisados cansados
deixarei
fechar.
quando
comecei a grande viagem
já não
interrogava mais
já não era
mais
dei três
voltas no relógio
amei teus
olhos de pássaro preso
tua força de
bárbaro bruxo
arranquei as
pedras de teu castelo
espalhei
brisas de orvalho
no chão que
beija teus pés.
ESSES CRAVOS.....
Conspiração.... esses cravos, só lembre os meus lábios
vermelhos
cravados em teu peito.... trilhas de meu coração...
são teus como sou
tua PALAVRAS
sejam vermelhos
sobranceiros TI
QUERO
olhos de
pássaro preso
negros olhos de hortelã e solidão
porque ti
quero
ardendo como ardem
cravos
e se teimo em te amar
são palavras?
meu bruxo de olhos de
hortelã
negras profundidades
de gosto inesperado de
sexo e eternidade
que ti quero e
desejo negros olhos
aonde se reviraram meu
sexo e minha alma
mistérios desses olhos
devoradores infames e silenciosos
mortalha de fogo e
paixão e serenidade...
às vezes me conformo
com a pequenez do Universo
com a repetição
cadenciada de ritmos uniformes
das engrenagens mal
lavadas
das explosões cíclicas
e baratas dos interesses
em lutas e conquistas
por poderes e poderosos
e símbolos e sexo e
momentos e..
aí, não vivo, nem
quero viver.
Mas, quando lembro que
te amei e que foi
maior do que o dia e
mais desafiador do que o silêncio
e o castigo que me impuseram
que me gritaram
que me
abandonaram...
sinto vontade de
morrer...
e teimo em viver
porque Ti quero
morrendo em meus
braços
perfumes vermelhos
labaredas das noites
silenciosas
em que se estende a
cauda vermelha
pois de qualquer forma
não passaremos
incólumes
pelos portões do além.
Silêncios - planícies escuras
PLANÍCIES
sombreadas de ausências.
Percorre-las ao sentir
o gosto ácido de teus lábios.
Derrubaria qualquer obstáculo
e te amaria em qualquer deserto.
Calaria sobre a dúvida sobre a dúvida,
Deixando o fim para aqueles
que não conhecem esse grito
de amor, loucura, paz.
(serás meu ou
não serei eu)
As montanhas do outro lugar
são tua alma e minha.
Navegar.
EXECUÇÕES
Seremos o que nos querem
pobres e malditos seres
de beco e lata.
em surdina aconteceremos...
o que nos resta?
Dor
refrão
de antemão.
ainda não sou eu
mas sou quase ....
Sou eu ou sou você
de tão grave e tão séria
quase mais nada.
São sempre esses iluminados e
ardentes
olhos de negror e lucidez e distância
que me amparam e esperam e
complementam
nos instantes sem vaidade
pois só ouço o temor do som
surdo sádico satírico sedento e sonífero
que repuxa minha alma aos trambolhões.
Execuções.
Por minha
pia
porosa alma.
Nós iguais, de alguma forma, no amor
que nos temos,
odiamos e tememos o o
reflexo
Assíduo
dessa existência que negamos.
Quando já quebramos qualquer
expectativa,
sem humildade ou facilidade, piscamos
três ou
quatro olhos e, sem melhores explicações
nem
réplica
nem
amparo
cedemos.
A VIRGEM DOS ROCHEDOS
Fui feliz enquanto o claro sereno daquela
noite
- presépio e prosa – deslizava por
entre meus dedos e....
encontrei tranquilidade na certeza.
Não sei tramar acordos
ou entraves, só sei desenrolar um único processo, o da minha vontade.
Não sei bem se posso
ser importante ou importada
para realidades alternativas ou alteradas, antes, acho
que só posso
pronunciar em ritmo obsessivo
o que me vem ao coração.
Talvez falta de criatividade.
Mas, a vida me parece
funcionar em um máximo de nove ou dez situações e o resto...
eu, francamente, não entendo para o que serve, talvez seja só uma distração do tempo,
uma falta de ajustamento ou a impossibilidade de funcionar a matéria
em vibração adequada com as bilhões de energias que se sucedem.
eu, francamente, não entendo para o que serve, talvez seja só uma distração do tempo,
uma falta de ajustamento ou a impossibilidade de funcionar a matéria
em vibração adequada com as bilhões de energias que se sucedem.
Se acredito na lei do
mais forte?
Acredito que perdida
no purgatório procure desesperada
a trilha a saga a
senha de um perfume silvestre
que vem de florestas românticas
e pouco enfeitadas,
serenas outonais pálidas
esquecidas e....
bem, é o romântico das
flores brancas,
das densidades suaves
perdidas entre o
orvalho e o vapor.
Mas, se preciso
justificar os arrebatamentos do meu temperamento,
poderia dizer que vi em você o senhor desse mundo que está em mim
poderia dizer que vi em você o senhor desse mundo que está em mim
e no qual imersa e
expulsa o fui por tantas vezes
sol e sombra vento e voz
campos quentes e silêncio
cúmplice
em uns pinheiros que
me fazem amar
o relâmpago, a chuva,
a fuga.
Quando vou para o
vermelho do cálice
é porque comecei a
perseguir uns passos
a nervosamente sorrir
para um senhor
de bigodes negros e
olhos de águia...
na floresta o riacho
escurece
as árvores fazem vento
e frio
a terra sob meus pés já
não é tão doce,
pois, estão em ironia
e soturno a me contar
que vibram e vórtice
céus e celas
não tão fáceis e
serenos.
Perdida me desespero
ou me encontro?
Fascínio
senhor dos cravos
vermelhos
hálito
de hortelã
Fascínio Posse
senhor do manto
amarelo
sou tua e de tua
floresta
um reino uma
pousada....
sei, agora, que sempre
fui só a moça branca
que percorreu – entre fúria
e anjo – os caminhos
dos magos e aeronautas
morenos bruxos e
louros alienígenas
e que ao reconhecer o
traço e o largo
o dono e o princípio
me debato me arruíno me
fascino.
Por sob a terra a luz
amarela
escura de redenção
enquanto assentavam os
magnetos
- assentimento pelo
brilho –
beijei da Vinci e seus
retratos
pois inquietamos na
arte a consciência
que enfrenta a
montanha e seu quietar.
Tomamos forma e
fazemos do sonho um concreto
arquétipo na ideia é
morada e finalidade.
Não existe, talvez por
isso mesmo, nada
que impeça o minuto de
reconhecimento.
Se pertence ao que se
veio, de onde se é,
e se caminha por entre
barras e barganhas
para um acerto
para o que não se sabe
porque em ritmo e
fluxo de dança
movimento
o pensamento é a arte
de viver e sonhar.
Entre o céu e o seu sol
e seus filósofos
Sócrates Aristóteles Eisten e Renoir
estrelas e sua lua
silvestre e hortelã rochedos e da Vinci
os senhores e seus mosteiros
silêncio
as virgens vão passear.
Carregam flores brancas
cachos castanhos
túnicas de pálido luar.
Entre a floresta e aluz
posuídas
e distraídas
nem as aves nem as traves
são mulheres e são flores
são o princípio do dia
e seu caminho de paz.
Entre o céu e o seu sol
e seus filósofos
Sócrates Aristóteles Eisten e Renoir
estrelas e sua lua
silvestre e hortelã rochedos e da Vinci
os senhores e seus mosteiros
silêncio
as virgens vão passear.
Carregam flores brancas
cachos castanhos
túnicas de pálido luar.
Entre a floresta e aluz
posuídas
e distraídas
nem as aves nem as traves
são mulheres e são flores
são o princípio do dia
e seu caminho de paz.